sábado, 20 de dezembro de 2008

ENTREVISTA CURTA COM ELOAH PETRECA





Ela se tornou uma das mais sérias e dedicadas produtoras cinematográficas do Paraná. Seu lema é a ética, a sinceridade e a honestidade. Vamos conhecer nesta ENTREVISTA CURTA a produtora curitibana Eloah Petreca.

CM - Como foi que você se interessou pelo Cinema?

EP - Como fazia teatro, um amigo me convidou para trabalhar na produção de um curta-metragem rodado em 35 mm, eu disse que não sabia nada de produção de cinema, mas estava disposta a aprender. Dois anos depois ele me convidou para trabalhar em um longa-metragem americano que seria todo rodado em Curitiba. Foi minha primeira experiência no que eu chamo "cinema de verdade", aprendi o que é ordem do dia, plano de filmagem, enfim, como trabalham os profissionais de cinema. Foi por esse tipo de trabalho que eu me apaixonei.

CM - Fale um pouco do panorama cinematográfico em Curitiba.

EP - Muita politicagem! Muita gente "trabalhando"; não porque são capazes, mas porque são amigos (a) ou parentes. Os roteiros são fracos. A grande maioria; são estórias narrativas ou piadinhas encenadas... Fazem festivais/mostras para se premiarem. Exemplo recente foi o filme "Mistérios" que ganhou o prêmio de melhor direção no Festival Sul americano de Cinema no Paraná. José Mojica estava lá e protestou, acredito que este protesto lavou a alma de muitos que, inconformados com a falta de ética ficaram surpresos e deprimidos com tal premiação!
Existe a esperança de que a escola Superior Sul Americana de Cinema no Paraná, venha a se tornar uma escola séria, pois até agora ela era apenas uma falácia. Com 3 anos foram comprados alguns equipamentos. Já, a inauguração foi feita com equipamentos alugados, até a decoração não era da escola. Quando os alunos chegaram, no dia seguinte só havia pavilhões e divisórias... Já o lobby funciona muito bem!

CM - Fale um pouco das produções locais.

Aqui em Curitiba foram produzidos 4 filmes relevantes para o cenário cinematográfico:

O Preço da Paz
Este filme tem muitos problemas, mas é um filme que deve ser visto, principalmente pela sua história. Infelizmente por problemas jurídicos ele teve um lançamento sem expressão em Curitiba!

Oriundi
Uma bela produção com Anthony Quinn e Paulo Autran.
Teve lançamento nacional em 72 salas. Estreou em 10 cinemas em Los Angeles e percorreu o mundo hispânico. O lançamento em São Paulo, em 2000, conquistou a aprovação de 78% do público, perdeu espaço nos cinemas quando a Warner o tirou de cartaz para lançar Missão Impossível II. Nos EUA, foi homenageados pelo American Film Institute como o melhor filme latino-americano do ano. Foi estudado pelo departamento de língua estrangeira da Universidade de Harvard. Os alunos desenvolveram relatórios em português para aprender sobre literatura portuguesa e brasileira.

Cafundó
Além da perfeita produção, uma história humanista. Quando foi lançado nos cinemas tinha apenas 5 cópias. Participou de muitos festivais, ganhando 24 prêmios, sendo 14 internacionais. Agora está entrando em diversos países africanos, como Moçambique, Angola, África do Sul, Nigéria. Foi comprado para exibição em tevê aberta - mais precisamente, a rede Globo!

Estômago
Teve lançamento nacional. Participou de vários festivais e ganhou 18 prêmios, sendo 13 internacionais. Tecnicamente falando é um filme muito bom. Eu particularmente não gosto do argumento. Não entendo porque tem gente que gosta tanto de mostrar o que temos de pior!!!

O cinema de animação do Paulo Munhoz tem se destacado.

Agora tem aparecido uma moçada nova. Eu espero que eles consigam quebrar alguns paradigmas e melhorar, nosso cenário cinematográfico!


CM - Fale do prazer e as responsabilidades de um produtor cinematográfico.

EP - O maior prazer é ver o filme pronto, na tela.
Em uma produção, tudo e todos passam pelo produtor.Temos que lidar com a equipe de produção, equipe técnica e atores. Tem também a comunidade local. Sem falar do clima, que muitas vezes atrasa o plano de filmagem. Contratempos sempre aparecem e temos que saber lidar com eles.
Fora estas responsabilidades técnicas, eu me preocupo muito com a responsabilidade social: Qual a importância da estória que estou contando? Que valores eu estou trazendo ou resgatando?

CM – Quais os filmes que você trabalhou?

EP - Trabalhei em "Quanto Vale ou é Por Quilo?", "Cafundó", "Mulheres do Brasil", "Garibaldi in América" (nome provisório), "Didi e a Princesa Lili" e dois filmes americanos!
Eu gosto do resultado final do meu trabalho em todos. "Quanto Vale ou é Por Quilo?" e "Cafundó" são os filmes que eu considero mais importantes dos que trabalhei. Trabalhar em "Quanto Vale" foi uma grande experiência, pois, como eu trabalhei nas cenas do século XVIII, tive um grande aprendizado. Filmes de época exigem muito e dão mais trabalho. Foi meu "mestrado em cinema". Graças a ele eu estava preparada para "Cafundó", meu "doutorado em cinema" ( não fiz nenhuma faculdade ... rs ). Trabalhar com o pessoal de SP e RJ, fez com que eu me tornasse profissional!

CM -O que você gosta de assistir? Quais os filmes que te influenciaram?

EP - Não sendo filme de terror nem pornográfico, eu gosto de assistir tudo!
Não sei se me influenciaram, mas filmes como "Asas do desejo", "Tomates Verdes Fritos", "Invasões Bárbaras", "Sociedade dos Poetas Mortos" a trilogia do Krzysztof Kieslowski sempre mechem comigo!

CM - O que você acha que pode melhorar, no panorama do cinema brasileiro?

EP - Acredito que devemos produzir mais filmes com temas universais.

CM - Quem é Eloah Petreca por Eloah Petreca?

EP - Sou transparente, falo o que penso e assumo o que falo. Justiça e Verdade para mim são imprescindíveis, sempre brigo por elas, mesmo que para obtê-las eu saia perdendo.
Para ver o trailer do filme CAFUNDÓ (clique aqui)
Veja uma cena do filme "Quanto Vale ou é por Quilo?" (clique aqui)

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